quarta-feira, 26 de maio de 2010

Assentamento Monjolo pede socorro!

Gente Nossa

Famílias removidas, há dois anos, com a promessa de que teriam casa, energia elétrica, água e dois hectares de terra para produzir o que sabem: alimentos. Mas o governo não cumpriu o prometido.


Pessoas simples, sofridas, de mãos e expressões calejadas com a luta pela sobrevivência, mas ainda assim, com muitos sonhos. Sonho de ter o direito à moradia, ter a terra para cultivar e poder pagar as contas no final do mês. Sonho até mesmo de ter um banheiro para banhos. Coisas simples para um cidadão comum, mas para as famílias assentadas no Núcleo Rural Monjolo, localizado entre o Recanto das Emas e o Núcleo Rural Casagrande, esta realidade está muito distante.

Famílias oriundas das Chácaras Santa Luzia e Cabeceira do Valo - Estrutural, há dois anos, por exigência do contrato no Programa Social de Urbanização da Estrutural, promovido entre o Banco Mundial e o GDF, foram removidas para o Monjolo com a promessa do GDF de que teriam casa com energia elétrica, água e dois hectares de terra para produzir o que sabem: alimentos. Mas o governo não cumpriu o prometido.

Somente após a remoção das famílias, com as chácaras divididas e a maioria já plantadas, descobriram que o assentamento não tinha licença ambiental emitida pelo IBRAN, e tudo foi embargado. Sem a devida liberação não se pode furar fossas sépticas. Banheiros químicos foram disponibilizados aos moradores porém, segundo Paulo Rosa de Jesus, presidente da associação local, por falta de pagamento os banheiros foram retirados.

Paulo relata que 17 chácaras da Etapa I ainda têm restrições ambientais, e que de acordo com Carolina Lepschkenupp de Souza, representante do IBRAN, falta o estudo da fauna (atribuição da Emater/DF) e a anuência do Instituto Chico Mendes para a liberação definitiva da licença. Enquanto isso, os moradores aguardam a liberação da Etapa II para, novamente mudar para o tão sonhado “pedaço de chão”.

Mas os moradores demonstram que a esperança de tão logo ver tudo resolvido, fala mais alto. A fé os motiva a continuar lutando pela moradia prometida, com um mínimo de conforto e segurança para produzir seu próprio sustento. “Mesmo com todos os problemas o assentamento é um sonho e estou muito feliz de estar aqui”, disse Ivone Dionísio do Couto. Dona Dalva vendeu uma máquina de costura e uma televisão para começar o plantio de pimentão, “a Emater deu assistência, consegui um financiamento de custeio junto ao BRB e quando já estava tudo plantado, veio o embargo e perdi tudo. Só sobrou a dívida com o banco e que ainda não tenho como pagar”, lamentou dona Dalva.

D. Rosilda Gomes preocupa-se com o barraco que está caindo, “estamos aguardando para mudarmos pra outra chácara porque a nossa está entre as 17 que deverão ser desocupadas”. Ailton Lopes reclama da pouca assistência da Seapa e da Emater, “as sementes e o trator chegam muito depois da época certa para o plantio”, disse ele.

Em um lugar onde falta tudo, a lista de reivindicações é grande porém, os moradores citaram as principais faltas: Correio que não chega, porque não tem CEP; Transporte público não existe; Telefonia - não há orelhões na região; Estradas, quando não é atoleiro é muita poeira que adoece principalmente os idosos e crianças; Segurança precária.

Um outro problema gerado pelo impasse promessas não cumprida pelo GDF, “é sobre as contas de energia elétrica, que os moradores não estão pagando porque o GDF não cumpriu com a parte dele e ainda não entregou as casas. Não se sabe como vão negociar com a CEB, mas querem que o GDF os isentem dessas contas até a entrega das casas.” disse Paulo, presidente da associação.

Em meio a tantos problemas, incertezas e sem a liberação, há aqueles que esperam trabalhando a terra, cultivando plantações e criando animais. É o caso de Ezequiel e Rodrigo Domingos, dois assentados na Etapa ll: Ezequiel veio com a família e sem outra fonte de renda começou a plantar. Fez um encanamento de água para o cultivo de folhagens e hoje já tem comprador para toda a produção. “Temos muitos problemas no assentamento, mas com trabalho e persistência pode-se vencer as dificuldades”, enfatizou Ezequiel.

Já Rodrigo Domingos tem uma pequena granja. Tudo muito rústico mas, produzindo o suficiente. Mudou-se há cerca de um ano e hoje planta milho, cria galinha d‘angola e galinha caipira. A água utilizada é trazida por caminhão pipa “porque não pode furar cisterna enquanto não tiver a licença ambiental”, informou Rodrigo que falou também das necessidades da região “os assentados precisam de maior capacitação para produzir mais”. Disse que existem alguns processos dos moradores contra o GDF como: danos morais e materiais (22 famílias); meio ambiente; e direito do cidadão.

Mesmo com todas as dificuldades, sem estrutura, alguns sem água, outros sem energia, todos sem banheiros, morando precariamente. Quando perguntados pelo que esperam do assentamento, os olhos brilham ao sonharem com o prometido, mas sabem que terão de lutar muito para realizá-lo.

Nossos agradecimentos ao Sr. Manoel, à dona Maria Aparecida e à dona Sirene Justiniano que em muito contribuiram para a realização desta matéria.

Isso é Bão Também!!!

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